Hoje eu quero compartilhar um assunto para pais de meninos, como nós. Na verdade um alerta sobre a identificação sexual.
A partir dos 4 anos, e até mesmo antes, as crianças começam a observar mais claramente os comportamentos dos adultos e a trazer as suas percepções para o seu comportamento.
As crianças começam um processo de aprendizado por meio da observação e logo depois pela imitação dessa observação. Por isso mesmo, tarefas simples como: escovar os dentes, pentear o cabelo, calçar uma meia, jogar lixo na lixeira, se portar a mesa, conviver com amigos e etc….. são feitas através dessa observação.
Nessa fase o exemplo passa a ser fundamental para a formação psicológica e de caráter da criança. Logo, a importância de fazer sempre o que se fala é fundamental. Atenção: você está sendo observado!!!
É muito importante ter coerência entre o discurso e a prática. Vou citar um exemplo que aconteceu aqui em casa. O Pedro dava muito trabalho na hora de escolher roupa para sair, era um drama, ele trocava sem parar, chorava e dizia que não queria aquela, que a outra não combinava. Quase sempre virava um caos na hora de sair e a gente brigava bastante.
Com isso, um dia eu resolvi colocar a gaveta dele de castigo, apenas eu o Pai ou a babá podiam pegar roupa e ele teria que vestir aquela que escolhêssemos sem negociação ou troca. Foi uma semana e ele melhorou de forma definitiva após esse castigo. Se começa a dar problema eu o lembro que a gaveta ficará de castigo e pronto ele pára na hora.
Ótimo isso!
Porém, certo dia estava eu no meu closet e ele comigo, eu vestia uma blusa e trocava, pegava outra e não dava certo, coisa de mulher mesmo. Até que ele disse: "Mamãeeee vou deixar sua gaveta de castigo!".
Pode? Ele me repreendeu. Então eu me toquei que ele observava sempre meu comportamento e repetia quando ia escolher suas roupas. Péssimo exemplo eu dei. Hoje eu me policio para não fazer perto dele.
Está vendo?
Pequenas coisas são absorvidas por eles, seja menino ou menina, mas no caso dos meninos a situação é mais complexa pois eles se encontram imersos num universo predominantemente feminino; desde o nascimento com a mãe, que obviamente é fundamental para ele, mas são incluídas aí ao longo dos primeiros anos, as avós, tias, babás, empregadas, irmãs, depois professoras.
Há ainda o quadro do “pai ausente” que surge não somente pelo divórcio, mas, também, pelo trabalho pesado que afasta esse pai do convívio familiar, cuja ausência fundamental deixa esse menino cada vez mais mergulhado no mundo feminino. O único espelho possível passa a ser essa mãe que jamais poderá substituir a figura masculina. Daí eu chamo a atenção dos Papais, para que reserve tempo de qualidade com seus filhos. Muitos pais imaginam que a tarefa de passar horas com o filho indo ao cinema, por exemplo, seria o ideal.
Engano.
Poucas coisas são necessárias para que isso aconteça.
O pai pode levá-lo junto para comprar jornal, colocar gasolina no carro, trocar uma lâmpada, fazer a barba (coisa que ele fará em alguns anos), pedir ajuda desse filho na hora de consertar algo em casa (segurar algo para ele), etc…. Pequenas tarefas são igualmente observadas, pois esse pai caminha diferente, fala e gesticula de forma diversa, escolhe e comenta diferente dessa mãe que está sempre à frente dele.
Nessa identificação o menino vai percebendo que seu mundo é mais semelhante àquele do pai e não se sente tão desconfortável assim no seu papel masculino.
Para as Mamães, cuidado para não expor excessivamente seus filhos em atividades e meios onde só tem mulheres. É triste perceber que mães levam esses meninos para que eles mergulhem nesse mundo feminino e nem sequer percebem que a observação é uma ferramenta importante nesse processo de identificação. Salões de beleza, reuniões de mulheres, lojas de roupas femininas e etc.
Na ausência da figura paterna, é igualmente importante haver um substituto, como a presença de um avô, tio, irmão mais velho ou até pai de algum coleguinha da escola onde esse menino possa passar algumas horas com essa família e perceber e aprender um pouco mais do universo masculino.
Lembremos sempre que nossos filhos são como barro em nossas mãos e nós os oleiros. Como o barro, eles tem o tempo certo para dar forma, e depois que a "massa" enrigesse não há mais como mudar.
Temos que ter mais atenção aos exemplos que estamos passando aos nossos filhos. Aqui estou dando ênfase a identificação sexual, mas as crianças expostas a pais brigões e encrenqueiros, não serão adultos mansos. As crianças acostumadas a terem tudo, que tem pais que compram a toda hora e não sabem dosar seu ímpeto de consumo, não serão adultos de consumo consciente. Aquelas cujo os paus não respeitam a natureza nunca aprenderão a dar valor nela.
Se você é do tipo de vive falando mal de uma pessoa em casa e quando a encontra debulha em sorrisos falsos, o que acha que está ensinando aos seus filhos?
Temos que vigiar nossos defeitos, nossos exemplos, para que essa não seja a herança que deixaremos aos nossos pequenos.
Essa é uma reflexão que sempre faço aqui na minha casa e compartilho com vocês para que também pensem não aó na identificação sexual (assunto sério), mas também no identificação em todas as áreas da vida.
Beijos, Mey
Um comentário:
Adorei, muito bom. Me fez enxergar alguns pontos muito importantes.
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