27 de nov. de 2011

Mães que trabalham: a culpa nossa de todo dia.


Oi gente!!!

Domingão chega ao fim. Depois de dois dias de muitos mimos, carinhos, passeios, dedicação exclusiva, 0% de internet à trabalho e todos os chamegos do mundo com meu pequeno, a boa vida do fim de semana acabou e amanhã volto para a vida agitada de regras, reuniões, emails, horário contadinho para tudo, muito trabalho e jornada dupla, tripla.

Conciliar, conciliar, conciliar. Nunca nós mulheres dependemos tanto dessa palavra.
Já expressei aqui o meu desafeto pelo domingo a noite. Ôh momento complicado!!!
A gente mal acostumou com a vida boa de desfrutar de tudo de bom que Deus nos deu com a maternidade e já é hora que voltar para o batente do mundo corporativo.
São nos domingos a noite é que eu chego ao meu ápice de culpa, essa fiel companheira de todo dia, mas no domingo ela é especial.

Sinto culpada de trabalhar o dia todo e não conseguir participar de algumas coisas da vida do meu filho, de não poder levar ele no parquinho sempre quando quiser, brincar sem hora para acabar e de não poder buscar ele na escola todo dia (ou até porque mesmo que possa buscar, nunca conseguirei fazer isso às 17h30 em ponto). Ao mesmo tempo, sinto culpa de não dedicar tantas horas extras a mais ao meu trabalho como antes de ser mãe. Mesmo sabendo que o resultado tem sido muito melhor hoje, sempre sinto que posso mais. Sempre me sinto em um elástico de estica e puxa.
Se for fazer uma lista das banalidades que pairam no universo da culpa das mães que trabalham fora, eu ficaria aqui tecendo uma lista sem fim.

Esse post não é diferente dos inúmeros desabafos que ouço, que leio e provavelmente tem alguma frase repetida em um dos meus posts antigos sobre esse assunto. Mas o que me intrigou hoje é pensar que a minha mãe não sentia essa mesma culpa. Ela até tinha culpa, já me confessou, mas era minorizada por um detalhe que tenho certeza que grande parte das mães do Brasil passam: a necessidade de trabalhar para sustentar os filhos.
Não diferente de uma realidade nacional, a minha era mãe era mãe solteira de dois filhos, não recebia ajuda de ninguém (nem mesmo do governo), e precisava trabalhar duro, pois a gente dependia exclusivamente do seu trabalho para sobreviver. A minha mãe é infermeira e passava as vezes 24 horas em plantão e a gente ficava sozinhos em casa, se virando. Eu era a mãe da casa.
Não era fácil para ela, e para a gente também não, mas ela não tinha opção e nem a gente. Hoje, graças à Deus, somos adultos bem resolvidos, temos muito orgulho da infância que minha mãe nos deu e ninguém sofre por isso, muito pelo contrário, eu e meu irmão só chegamos aqui, pois minha mãe foi muito mãe para trabalhar fora e sustentar a gente. Outra no seu lugar tinha contentado com as circusntâncias e deixado as coisas rolarem, o que não foi o caso.

Mas por que é tão difícil hoje para muitas mães?
Por que sentimos tanta culpa em ser mãe e ser profissional, em trabalhar fora, e o melhor - gostar do que faz?
A revista CRESCER apresentou nessa última edição, uma pesquisa que aponta que as mulheres de classe mais alta e maior escolaridade sentem mais culpa porque não trabalham por necessidade absoluta de sobrevivência. Essa pesquisa ocorreu na internet e teve participação predominante de mães da classe B, com idade de 31 a 35 anos, casadas e residentes no sudeste, com um filho de menos de 3 anos e grande parte com curso superior.
O que mais me chamou a atenção é a conclusão de que 75% das mães que participaram da pesquisa - incluindo as 16% das classes C e D, estão insatisfeitas com o tempo que passam com os filhos.

O ponto está justamente aí: tempo!
E não adianta eu me consolar e responder para todo mundo com aquela velha desculpa que o que importa é qualidade do tempo e não a quantidade. Isso não tampa o vazio dos sorrisos que você perde, as perguntas que você não está ali o tempo todo para responder, as coisas básicas que você não está perto para acompanhar, como dar todos os banhos, participar em todas as refeições e coisinhas simples que só você quer fazer.
O tempo de qualidade é muito importante, eu invisto nisso demais. Dedico, brinco, educo, participo o máximo de cada coisa da vida do meu filho, mesmo que seja sob um controle remoto, gerenciando a distância, mas eu sinto por não poder estar mais ainda, porque sei que isso passa num piscar de olhos. E acho que sinto mais ainda por essa ser uma esolha minha. Eu também gosto de trabalhar.

Tenho certeza que  no futuro meus filhos (porque mesmo com toda essa correria de vida, eu quero ter mais filhos) nunca sentirão o peso da minha escolha em trabalhar fora, não cobrarão de mim mais do que eu me esforcei para ser para eles. Não será o fato de eu trabalhar fora que me fará mais ou menos mãe. Tenho a consciência tranquila disso, pois sei que se orgulharão de terem tido uma mãe que não desistiu dos seus sonhos, e que só sendo feliz é que sou uma mãe melhor. Todo ser humano só pode fazer o outro feliz se tiver isto transbordando dentro de si. 
Mas sobre a culpa, ela continuará me acompanhando, nesse post eu não tenho nenhuma receita milagrosa, como é de costume, não quero chegar a uma poção mágica. Acho que só com o passar do tempo e muita maturidade eu conseguirei começar uma segunda-feira não me preocupando em ter mais tempo para meu papel de mãe, provavelmente esse dia chegará quando eu for avó e começar a me preocupar em ter mais tempo para meu novo papel.

Boa semanas amigas!!!

com carinho, Mey

Leia a matéria da CRESCER: Mãe ou profissional: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI276040-10448-1,00-MAE+OU+PROFISSIONAL+ESCOLHA+OS+DOIS.html


3 comentários:

claudinha disse...

Mey , olá!!
Do meu primeiro filho optei por trabalhar fora e sinceramente não tinha outra escolha devido o orçamento.
Desta vez após 9 anos as coisas estão melhores ,porem , tive que abrir mão de algumas coisas que pra mulher faz falta , enfim foi uma escolha tbem e concordo com vc n serei melhor ou mais amada mãe pq estou em casa ,estou feliz com essa oportunidade sempre quis viver esse momento que Deus está permitindo.
Mas te garanto nunca é perfeito.
O importatnte é estarmos certas do que realmente queremos !!

Um abraço

Claudinha

Carol Siqueira disse...

Ai, amiga!!! Vc sabe dos meus dilemas também como ninguém mas estou aprendendo a não ser preto no branco mais. Antes eu achava mesmo um absurdo deixar os filhos ainda tão bebês pelas nossas carreiras mas hj, de uma forma bem mais ampliada, mais clara vejo que cada mãe, cada família tem o seu jeito de viver, de se divertir e de manter os seus laços. Eu não conseguiria viver de forma diferente, talvez mesmo pela minha estória, minha criação mas vejo que existem outras maneiras de encarar a maternidade. Hoje estou aprendendo a ser feliz sem as minhas cobranças de ter deixado a carreira e me vejo, claramente, que não conseguiria ser feliz de outra forma: mas olha, quanta batalha interna!!!!! Mas amiga, o que devemos mesmo é sermos mães até debaixo d'água (como diz a minha velha mãezona) e isso, eu sei que quanto a mim e a vc, os nossos pequenos podem ficar tranqüilos.
Bjos enorme no seu coração!
Carol Siqueira.

Larissa Pesente disse...

Ei Mey...
Ótimo post e é exatamente o que sinto... Por ser empresária, assim como você, queremos tudo 100% correto e batalhamos para conquistar o mercado cada dia mais e mais e tudo por causa dos nossos filhos. Mas tb tenho a consciência tranquila, pois faço com amor e pensando no futuro do pequeno herdeiro!
Boa 5ª feira... e que chegue logo o fds para enchermos os pequenos de chamegos, carinhos, beijos e muitas coisitas mais!!!
Bjo bjo